terça-feira, 16 de dezembro de 2014

16/12/2014 07h38 - Atualizado em 16/12/2014 07h38

Em vídeo dentro de viatura, presos desejam feliz Natal a PMs de Brasília

Imagens circulam em redes sociais; corporação diz que vai analisá-las.
Jovens se identificam, elogiam policiais e citam sargento de grupo militar.

Raquel MoraisDo G1 DF
A gente precisa verificar se é temporal ou atemporal, se é real ou montagem. Só então a gente poderá pensar se instala algum tipo de procedimento ou não"
Luiz Eduardo Goulart,
coronel da Polícia Militar
Um vídeo que circula em redes sociais mostra três homens dentro de uma viatura, supostamente com as mãos algemadas atrás das costas, parabenizando policiais militares de Brasília "pelo serviço"  e desejando “feliz Natal e próspero Ano Novo” aos membros da corporação. Chefe da assessoria de comunicação da PM, o coronel Luiz Eduardo Goulart disse que não conhecia as imagens e afirmou que elas passarão por uma análise técnica.
O registro dura 1 minuto e 11 segundos. Usando jeans, camiseta e uma camisa por cima, o primeiro rapaz pergunta ao “tio” se pode começar, sorri, fala o nome completo e diz ser do Núcleo Bandeirante. Então, afirma querer parabenizar os policiais e faz os votos. Ele ainda cita a própria prisão como um “imprevisto”.
Depois, o segundo jovem – sem camiseta e de bermuda – também se identifica. “Quero desejar um próspero Ano Novo para todos os policiais de Formosa [cidade do Entorno do DF], um feliz Natal, que Deus possa abençoar a todos”, diz. Ele é interrompido por quem faz a gravação, que pergunta sobre a corporação de Brasília. “É tranquila, de boa”, completa.
O terceiro rapaz veste uma camiseta polo branca e calça jeans, deseja boa tarde “ao pessoal” e também faz os votos. Durante o vídeo, são feitas citações ao Grupo Operacional Tático (Gtop) e a um sargento que supostamente teria a ver com a operação que levou à prisão. A razão para eles estarem detidos não é informada.
De acordo com Goulart, antes de pensar em sindicância é necessário descobrir em que condições as imagens foram registradas. “A gente precisa verificar se é temporal ou atemporal, se é real ou montagem. Só então a gente poderá pensar se instala algum tipo de procedimento ou não.”
O coronel não quis comentar sobre o posicionamento da Polícia Militar a respeito do suposto comportamento de alguns membros de gravar detidos. Goulart afirmou que os procedimentos podem levar um ano.
Caso semelhante
Em julho, a Corregedoria da Polícia Militar começou a investigar a autoria e a possibilidade de crime na filmagem de um vídeo em que um rapaz, com os braços para trás e aparentemente algemado, era supostamente coagido a se auto-ofender e a "pedir perdão" ao Grupo Operacional Tático da PM. As imagens foram postadas em uma rede social, no perfil de alguém que se identificava como um sargento da corporação.
Reprodução de página de rede social em que jovem supostamente algemado é gravado xingando a si mesmo e pedindo perdão à PM (Foto: Facebook/Reprodução)Jovem supostamente algemado que se xingou em
vídeo (Foto: Facebook/Reprodução)
O registro durava 40 segundos e mostrava o rapaz com uma blusa de frio e bermuda. Ele estava sentado e parecia ser orientado por alguém a falar. Um homem dizia algo, mas não era possível distinguir as palavras usadas. O jovem pedia perdão aos militares do Núcleo Bandeirante, ao "Clóvis" e ao Grupo Operacional Tático da PM. Por duas vezes, ele dizia que iria "pegar o revólver e colocar no c...".
Pela filmagem, não era possível identificar onde o rapaz estava. Mas, na postagem, o perfil que se identificava como sendo de um sargento ironizava a situação. "Eu não consigo entender os vermes, gravam os vídeos ameaçando a polícia, que fazem e que acontecem, e depois, quando [os] pegamos, viram mocinhas. GTOP, huuura!!", escreveu.
Na ocasião, o especialista em direito penal e o defensor público Carlos André Bindá Praxedes afirmou que, ainda que as circunstâncias da gravação do vídeo fossem desconhecidas, era possível notar "o alto grau de constrangimento e desconforto" do rapaz em elogiar os PMs e em falar de si da forma como foi mostrada. Para ele, à primeira vista, era possível concluir que a declaração não foi espontânea.
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