quinta-feira, 24 de abril de 2014

24/04/2014 08h36 - Atualizado em 24/04/2014 08h36

Imagens mostram prisão de suspeitos de ordenar ataques a UPPs no Rio

Imagens mostram ação da PM durante a prisão dos suspeitos em Búzios.
Criminosos foram presos na segunda (21) em casa de luxo.

Do G1 Rio
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O Bom Dia Rio exibiu nesta quinta-feira (24) imagens exclusivas da prisão dos dois traficantes suspeitos de ordenar ataques aos policiais de UPPs nos Conjuntos de Favelas da Penha e do Alemão, Subúrbio do Rio. Bruno Eduardo da Silva Procópio, de 33 anos, conhecido como Bruno Piná e apontado como um dos chefes do tráfico na Vila Cruzeiro, e Eduardo Fernandes de Oliveira, o 2D do Complexo, de 26 anos, que estaria à frente do tráfico no Alemão, foram presos em Búzios, na Região dos Lagos, em ação da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública, com apoio da Polícia Civil e da Polícia Federal, na última segunda-feira (21).
As imagens exclusivas foram gravadas por policiais que participaram da operação. A polícia monitorou a área durante cinco dias antes da prisão. Os homens aparecem dentro de um dos helicópteros usados na ação. De lá, foram levados para a Cidade da Polícia, Subúrbio do Rio.
Piná e 2D estão presos no Complexo Penitenciário de Bangu, na Zona Oeste do Rio. Eles são suspeitos de articular ataques a policiais e a bases de Unidades de Policia Pacificadora dos conjuntos de favelas desde novembro, quando 4 PMs de UPPs morreram na região.
De acordo com as investigações, eles ordenaram que tiros fossem disparados durante a Corrida da Paz, evento esportivo no Alemão, em maio de 2013. O secretário de segurança pública, José Mariano Beltrame, participava do evento. Os disparos contra a sede do Afroreggae na favela também teriam sido comandados pela dupla.
De acordo com a polícia, os traficantes alugaram a casa de luxo em Búzios, onde foram presos, por R$7 mil. Segundo a polícia, eles estavam com parentes para passar o feriado da páscoa na cidade. O lugar tem quatro suítes e o conforto típico de uma casa de veraneio: churrasqueira e piscina.
Contra Piná, havia seis mandados de prisão por homicídio e tráfico de drogas. No caso do 2D, três mandados por tráfico de drogas estavam pendentes. Os investigadores ainda procuram outros quatro suspeitos de envolvimento nos ataques a UPPs.
'Sanguinários', diz delegado
Na ocasião da prisão, o delegado Carlos Eduardo Thomé, comentou a postura dos criminosos no planejamento e execução dos ataques às UPPs. “Temos informações de que eles eram bastante sanguinários e estavam envolvidos em ataques a UPP e em Niterói. Eles não resistiram à prisão, foram cumpridos os mandados sem darmos um disparo”, disse. "Essas prisões foram fundamentais para a segurança da cidade", acrescentou.
A ação na Região dos Lagos contou com dois helicópteros e assustou moradores. O Disque-Denúncia oferecia R$ 5 mil pela prisão de Piná, uma das maiores recompensas já pagas. A recompensa pela prisão de Duda 2D era de R$ 1 mil. Piná tem seis mandados de prisão, dois deles por homicídio, e 2D tem três mandados, todos por tráfico. Eles faziam parte da quadrilha de FB e, depois da prisão dele, em 2012, ganharam mais força no controle do tráfico do Alemão, de acordo com a polícia.
Chega de de Piná e 2D, levados de helicóptero de Búzios para a Cidade da Polícia (Foto: João Laet / Agência O Dia / Estadão Conteúdo)Chegada de Piná (no alto, de camiseta azul escuro à esquerda) e 2D (sem camisa) à Cidade da Polícia
(Foto: João Laet/Agência O Dia/Estadão Conteúdo)
Eduardo, o 2D, na chegada ao Rio (Foto: Lilian Quaino / G1)Eduardo, o 2D, na chegada ao Rio (Foto: Lilian Quaino / G1)
Ataques a UPPs
Desde o início de 2014, criminosos praticaram uma série de ataques a comunidades pacificadas.  Em janeiro, suspeitos atiraram um coquetel molotov contra a UPP do Alemão, no Conjunto de Favelas do Alemão. O artefato atingiu dois carros que estavam parados na frente do prédio. No fim de fevereiro, criminosos incendiaram um contêiner no Morro do Gambá, que fica no Conjunto de Favelas do Lins. Criminosos também atiraram contra a base da Camarista Méier, na mesma ocasião.
Traficantes foram presos em casa de luxo no bairro Capão, em Búzios (Foto: Bebeto Karolla / Folha de Búzios)Traficantes foram presos em casa de luxo em Búzios (Foto: Geovani Cândido/Folha de Búzios)
Também em fevereiro, a soldado Alda Rafaela Castilho, da UPP Parque Proletário, no Conjunto de Favelas da Penha, foi morta após ser baleada na barriga por criminosos, durante uma patrulha a comunidade. No mesmo mês, o policial Wagner Vieira da Cruz foi baleado na cabeça, na Vila Cruzeiro, também no Conjunto de Favelas da Penha, e morreu.
Já em março, o subcomandante da UPP da Vila Cruzeiro, Leidson Acácio Alves Silva foi morto durante um confronto entre policiais e criminosos. No mesmo mês, policiais da UPP da Rocinha foram atacados a tiros.
Em março deste ano, criminosos atacaram simultaneamente as Unidades de Polícia Pacificadora de Mandela, em Manguinhos, e da Camarista Méier, no Conjunto de Favelas do Lins de Vasconcelos, no Subúrbio. Em Manguinhos, os suspeitos também atearam fogo a dois carros da Polícia Militar. Esses ataques levaram o governo do estado a pedir a ajuda das Forças Armadas ao Governo federal para auxiliar na pacificação do Conjunto de Favelas da Maré.
Quem são os criminosos
De acordo com o Disque-Denúncia, Piná faz parte do tráfico de drogas que age no Conjunto de Favelas da Penha e ainda gerencia alguns pontos de drogas naquela comunidade. Primo do traficante Luiz Fernandes Procópio Ferreira, o Escobar, Piná é apontado como o segundo homem na hierarquia no Complexo da Penha. Pelo Sistema de Cadastramento de Mandados de Prisão, há um mandado de prisão expedido pela 16ª Vara Criminal da Capital, pelo crime de associação ao tráfico.
Eduardo Fernandes de Oliveira, o 2D do Complexo ou 2D ou D2 ou Duda, de acordo com o Disque Denúncia, faz parte do tráfico de drogas que age no Complexo do Alemão e também integra o grupo de criminosos que recebeu ordens para abrir fogo contra as sedes e os policiais das UPPs e da 45ª DP (Alemão). Tudo autorizado por um dos criminosos mais procurados do Rio: Luciano Martiniano da Silva, o Pezão. Eduardo 2D gerencia parte dos pontos de drogas a mando de Pezão. Pelo Banco Nacional de Mandados de Prisão – CNJ – consta mandado de prisão expedido contra ele por tráfico de drogas.

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