quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

21/01/2015 22h40 - Atualizado em 21/01/2015 22h52

Mulher suspeita de maus-tratos a idosos é investigada há 12 anos

Vítimas foram transferidas para outras casas de repouso após denúncias.
Segundo polícia, administradora de abrigo irregular não foi presa.

Do G1 BA
Polícia busca 25 idosos que saíram de abrigo suspeito de maustratos (Foto: Reprodução/TV Bahia)idosos eram mantidos em condições subumanas
em abrigo do Lobato. (Foto: Reprodução/TV Bahia)
A proprietária do abrigo localizado no bairro do Lobato, em Salvador, suspeita de maltratar idosos e utlizar cartões de benefícios das vítimas para a realização de saques em dinheiro, é investigada pela polícia há 12 anos, segundo o delegado Nilton Costa, que acompanha o caso. ""Ela mantém essa atividade de montar casas para abrigar idosos e se apoderar dos benefícios das vítimas há 17 anos, e há 12 vem sendo alvo de investigações", afirmou o delegado ao G1 na noite desta quarta-feira (21).
Segundo Nilton Costa, o abrigo onde os idosos eram mantidos em condições subumanas foi esvaziado nesta quarta e os abrigados transferidos para outras casas de repouso da capital após denúncias feitas ao Ministério Público da Bahia (MP-BA).
"Ela [a dona do abrigo irregular] foi quem fez a transferência dos idodos para as outras casas, para não deixar provas. O local onde os abrigados estavam era uma espécie de depósito de pessoas que ficavam à espera da morte. Não tinha higiene, não havia nenhum acompanhemto médico e nenhuma alvará para funcionamento emitido por órgãos públicos. Como o local também não possuia prontuário de entrada médica, não é possível saber quantos idosos eram mantidos lá", disse o delegado, em entrevista ao G1.
A assessoria de comunicação da Secretaria da Pobreza confirmou, nesta quarta, que o abrigo, montado no prédio de um antigo hospital, não era conveniado ao órgão e que não estava registrado no Conselho do Idoso e nem no Conselho Social - motivo pelo qual não era monitorado.
Na terça-feira, a polícia esteve no local e localizou apenas 12 abrigados e começou a  apurar onde estavam as outras 25 pessoas que eram mantidas no abrigo. Somente nesta quarta foi informado para onde os idosos haviam sido levados.
Conforme o delegado Nilton Costa, os idosos foram colocados em uma van, locada pela proprietária do local, e encaminhados para outros abrigos nos bairros de Paripe e Piatã. Os locais, segundo o delegado Nilton Costa, estão regularizados.
O administrador da casa de repouso Bom Jesus, localizada em Tubarão, em Paripe, para onde 15 dos idosos foram levados, foi ouvido pela polícia na noite desta quarta-feira e contou que recebeu as pessoas, entre elas uma mulher de 87 anos com um grave ferimento na cabeça em decorrência de uma queda. "Ele [o administrador da casa de Paripe] contou que a idosa estava com um ferimento bastante grave e que precisou ser medicada por uma médica da casa, que já abriga outras 100 pessoas", afirmou o delegado.
Investigação
Na terça-feira (20), Neuza negou a prática dos crimes, no entanto, conforme o delegado, as provas mostram o contrário. "Ela nega, mas nós temos provas periciais, documentais e testemunhais de que houveram maus-tratos aos idosos e de que os benefícios deles eram sacados. Esse episodio envolve problema criminal, social e de saúde pública. Como o poder público não resolveu o problema social, isso acabou virando caso de polícia", disse.
Apesar das provas reunidas pela polícia, a proprietária do abrigo irregular ainda continua solta. "Instauramos o inquérito polícial, mas ela ainda não está presa porque esse é um crime que exige materialidade. E isso só vamos ter quando o laudo pericial for concluído e enviado à polícia. Ela também não foi autuado em flagrante na terça, dia em que a polícia esteve no abrigo, porque os velhinhos iriam ficar sozinhos e só poderiam ser transferidos nesta quarta", afirmou Costa.
Ainda segundo o delegado, a polícia está investigando a morte de alguns idosos no abrigo do Lobato, para saber se os óbitos têm relação com maus-tratos. "Caso seja comprovado que pessoas morreram lá devido a maus-tratos, ela pode responder ainda por homicídio, além dos outros crimes", destacou.
Costa afirma que outros abrigos irregulares funcionam na capital baiana e já estão sendo investigados. O delegado, no entanto, não quis passar mais detalhes sobre o assunto para não atrapalhar o andamento das investigações.

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