Mulher suspeita de maus-tratos a idosos é investigada há 12 anos
Vítimas foram transferidas para outras casas de repouso após denúncias.
Segundo polícia, administradora de abrigo irregular não foi presa.
A proprietária do abrigo localizado no bairro do Lobato, em Salvador, suspeita de maltratar idosos e utlizar cartões de benefícios das vítimas para a realização de saques em dinheiro, é investigada pela polícia há 12 anos, segundo o delegado Nilton Costa, que acompanha o caso. ""Ela mantém essa atividade de montar casas para abrigar idosos e se apoderar dos benefícios das vítimas há 17 anos, e há 12 vem sendo alvo de investigações", afirmou o delegado ao G1 na noite desta quarta-feira (21).
Segundo Nilton Costa, o abrigo onde os idosos eram mantidos em condições subumanas foi esvaziado nesta quarta e os abrigados transferidos para outras casas de repouso da capital após denúncias feitas ao Ministério Público da Bahia (MP-BA).
"Ela [a dona do abrigo irregular] foi quem fez a transferência dos idodos para as outras casas, para não deixar provas. O local onde os abrigados estavam era uma espécie de depósito de pessoas que ficavam à espera da morte. Não tinha higiene, não havia nenhum acompanhemto médico e nenhuma alvará para funcionamento emitido por órgãos públicos. Como o local também não possuia prontuário de entrada médica, não é possível saber quantos idosos eram mantidos lá", disse o delegado, em entrevista ao G1.
A assessoria de comunicação da Secretaria da Pobreza confirmou, nesta quarta, que o abrigo, montado no prédio de um antigo hospital, não era conveniado ao órgão e que não estava registrado no Conselho do Idoso e nem no Conselho Social - motivo pelo qual não era monitorado.
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Na terça-feira, a polícia esteve no local e localizou apenas 12 abrigados e começou a apurar onde estavam as outras 25 pessoas que eram mantidas no abrigo. Somente nesta quarta foi informado para onde os idosos haviam sido levados.
Conforme o delegado Nilton Costa, os idosos foram colocados em uma van, locada pela proprietária do local, e encaminhados para outros abrigos nos bairros de Paripe e Piatã. Os locais, segundo o delegado Nilton Costa, estão regularizados.
O administrador da casa de repouso Bom Jesus, localizada em Tubarão, em Paripe, para onde 15 dos idosos foram levados, foi ouvido pela polícia na noite desta quarta-feira e contou que recebeu as pessoas, entre elas uma mulher de 87 anos com um grave ferimento na cabeça em decorrência de uma queda. "Ele [o administrador da casa de Paripe] contou que a idosa estava com um ferimento bastante grave e que precisou ser medicada por uma médica da casa, que já abriga outras 100 pessoas", afirmou o delegado.
Investigação
Na terça-feira (20), Neuza negou a prática dos crimes, no entanto, conforme o delegado, as provas mostram o contrário. "Ela nega, mas nós temos provas periciais, documentais e testemunhais de que houveram maus-tratos aos idosos e de que os benefícios deles eram sacados. Esse episodio envolve problema criminal, social e de saúde pública. Como o poder público não resolveu o problema social, isso acabou virando caso de polícia", disse.
Na terça-feira (20), Neuza negou a prática dos crimes, no entanto, conforme o delegado, as provas mostram o contrário. "Ela nega, mas nós temos provas periciais, documentais e testemunhais de que houveram maus-tratos aos idosos e de que os benefícios deles eram sacados. Esse episodio envolve problema criminal, social e de saúde pública. Como o poder público não resolveu o problema social, isso acabou virando caso de polícia", disse.
Apesar das provas reunidas pela polícia, a proprietária do abrigo irregular ainda continua solta. "Instauramos o inquérito polícial, mas ela ainda não está presa porque esse é um crime que exige materialidade. E isso só vamos ter quando o laudo pericial for concluído e enviado à polícia. Ela também não foi autuado em flagrante na terça, dia em que a polícia esteve no abrigo, porque os velhinhos iriam ficar sozinhos e só poderiam ser transferidos nesta quarta", afirmou Costa.
Ainda segundo o delegado, a polícia está investigando a morte de alguns idosos no abrigo do Lobato, para saber se os óbitos têm relação com maus-tratos. "Caso seja comprovado que pessoas morreram lá devido a maus-tratos, ela pode responder ainda por homicídio, além dos outros crimes", destacou.
Costa afirma que outros abrigos irregulares funcionam na capital baiana e já estão sendo investigados. O delegado, no entanto, não quis passar mais detalhes sobre o assunto para não atrapalhar o andamento das investigações.
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